Foto: Josenildo Costa

Atendendo a propositura conjunta dos vereadores Olímpio Oliveira e Alexandre Pereira (UNIÃO), a Câmara Municipal de Campina Grande realizou na manhã desta terça-feira (28), uma sessão especial alusiva ao Centenário do falecimento do empresário e líder político Cristiano Lauritzen.

Foto: Josenildo Costa

COMPOSIÇÃO DA MESA: Cristiane Lauritzen – trineta de Cristiano Lauritzen, homenageado; Maria José Cavalcante – Mediadora do Museu de Algodão; Mário Vinícius – professor da UEPB e representante da Academia de Letras de Campina Grande; Noaldo Ribeiro – Colunista Social do Jornal Paraíba Online; Guilherme Almeida – Ex-deputado estadual e ex-vereador de Campina Grande; Ida Steinmuller – Presidente de Honra do Instituto Histórico de Campina Grande e representando o Presidente do Instituto; João Dantas – Ex-vereador e representante do Poder Executivo e da Secretaria de Cultura.

JUSTIFICATIVA DE PROPOSITURA
Olímpio Oliveira (UNIÃO) inicialmente saudou a mesa em nome de Cristiane Lauritzen, trineta do homenageado e que desde o início contribuiu para a construção deste momento. Justificando a propositura, o vereador falou sobre a celebração da vida eterna de um homem que se eternizou na memória de Campina Grande por tudo o que era e fez, transformando realidades, com valores que estão escassos na política de hoje.

Foto: Josenildo Costa

O vereador destacou duas características principais para quem se envereda para no campo político, sendo a primeira a fidelidade e contou a história de perseguição que Cristiano sofreu, pelo então presidente do Estado, que hoje seria governador, Álvaro Machado.

A história contada por Olímpio foi sobre o evento chamado Revolta do Rasga Vales, que diante da moeda circulante emitida por Cristiano, os seus adversários políticos, liderado por Álvaro Machado, viram nesse momento uma oportunidade de persegui-lo. Diante da não permissão da legislação federal, os policiais foram enviados para a feira, com o objetivo de apreender as moedas, causando uma rebelião dos feirantes ao ver que os guardas estavam guardando os vales em seus bolsos. Na confusão, um soldado foi morto e Cristiano foi o acusado e preso pela morte.

Quando recebeu um habeas corpus federal e tentou retornar para Campina Grande, o governador não permitiu e mandou que todos fossem presos ou mortos se resistissem. Cristiano disse que não iriam se entregar, mas com a renúncia do comandante da tropa, eles não concretizaram o ato que foi determinado pelo governador. Olímpio também fez uma leitura escrita de próprio punho de Cristiano Lauritzen sobre esse momento.

Em seguida, o vereador destacou a busca que Cristiano Lauritzen realizou para trazer a linha do trem para Campina Grande, convencendo os investimentos no interior do país. Além disso, citou a governança da cidade de Campina Grande por 19 anos, a lealdade aos seus líderes políticos e o seu enfrentamento ao cangaço. Por fim, registrou a importância do Poder Legislativo e a graça de homenagear e falar da grandeza e coragem de Cristiano Lauritzen nesta sessão.

PARTICIPAÇÃO NA TRIBUNA
João Dantas, ex-vereador e representando o poder municipal e secretaria de cultura, falou sobre a importância da sessão para aqueles que cultuam a história e cuidam da memória da cidade, sendo uma sessão que representa todo o povo campinense.

Foto: Josenildo Costa

De forma breve, João Dantas fez referência aos vikings que escandinavos como Cristiano, eram responsáveis nos séculos antigos, por causarem o terror com suas armas e espadas. No entanto, diferente deles, citou Cristiano Lauritzen, que atravessou o oceano atlântico chegando ao Recife na condição de navegante, promovendo o futuro, o progresso e o desenvolvimento da cidade, abraçando a condição de filho de Campina Grande.

Mário Vinícius – professor da UEPB e representante da Academia de Letras de Campina Grande; destacou que Lauritzen lançou as bases para o desenvolvimento de Campina Grande, promovendo educação quando fundou o grêmio de instrução, posteriormente trouxe a linha férrea, se preocupou com o abastecimento de água e realizou a construção do Açude de Bodocongó e mais adiante fez a instalação de luz elétrica.

O professor ainda relembrou que quando ele chegou à cidade eram apenas 3 mil habitantes e 10 anos após a chegada do trem, eram 18 mil habitantes. Por fim, ressaltou a importância de reverenciar a memória desse cidadão, frisando que esta deve ser preservada e que as futuras gerações não a esqueçam.

Noaldo Ribeiro disse que há 15 dias, na data do aniversário da morte de Cristiano Lauritzen, realizaram uma homenagem no cemitério que se redobrou para que hoje acontecesse a sessão. Como uma terceira homenagem sugeriu que todos unissem esforços para construir um pequeno livro sobre Cristiano Lauritzen. Ele mencionou sobre a evidência nas falas, que há muito a se dizer sobre ele, de tal modo que um pequeno livro pode ser feito a várias mãos, trazendo com mais consistência o respeito e a seriedade à uma homenagem para um dinamarquês que administrou a cidade por 19 anos.

Ida Steinmuller – representando o Presidente do Instituto Histórico de Campina Grande Vanderley de Brito, fez uma leitura de um texto enviado por ele, com o título ‘’ Centenário de morte de Cristiano Lauritzen’’.

O texto destaca suas origens e suas demonstrações de gratidão e amor sincero à cidade que o adotou. Além disso, mencionou a herança política que herdou do Coronel Alexandrino de Albuquerque Cavalcante Belo, pois casou com a sua filha Elvira Cavalcante.

Com o advento da República Cristiano foi nomeado presidente do conselho de intendência e ficou à frente do executivo e legislativo da cidade. Após a morte do coronel, ele teve que pensar na cidade sem atender aos interesses do sogro. Com empatia e sendo um bom cidadão, além de como gestor, a regra era não possuir mais benefícios que qualquer outro cidadão.

Como destaque de seus feitos, ela mencionou que Cristiano Lauritzen se preocupou com a educação pública e convenceu aos demais membros da intendência, a abrirem mão dos seus salários assim como ele fez, para construírem uma escola pública. O prédio dessa escola ainda existe, onde está instalado o Colégio Alfredo Dantas. Além disso, também viajou ao Rio de Janeiro em busca da extensão da linha de trem de Campina Grande. Com a efetivação, ele convidou todos da cidade, até os seus opositores para uma grande festa que ele iria promover em sua casa.

Como líder político, Lauritzen não tirou qualquer vantagem pessoal, nem seus familiares e como reconhecimento do seu amor pela cidade, foi nomeado prefeito de Campina Grande se mantendo por 19 anos como gestor, até sua morte em 1923. Apesar de ter sido impedido de trabalhar durante esse período devido à oposição, que com grande curral eleitoral sempre fazia maioria no Conselho Municipal, ainda conseguiu criar um jornal para Campina Grande, construiu o Açude de Bodocongó, um novo cemitério, luz elétrica, curso público de datilografia, estação meteorológica, comissão sanitária para combater um surto de peste bubônica, um posto antiofídico, uma força do exército para proteger a cidade dos cangaceiros e uma agência do Banco do Brasil.

Com seu elevado espírito público, ele foi responsável pelo desenvolvimento que Campina Grande experimentou a partir das suas primeiras décadas do século 20, tornando-se a maior cidade do interior do Norte e Nordeste do país. Ele destacou a importância de dar continuidade à sua obra, para que Campina Grande continue no rumo do desenvolvimento.

Foto: Josenildo Costa

Cristiane Lauritzen, trineta do homenageado, agradeceu a todos por terem pontuado sabiamente seus feitos e ressaltou ainda mais a atuação de Cristiano Lauritzen, que quando chegou à Campina Grande, a cidade tinha apenas 3 mil habitantes. Ela também destacou que ele trouxe a linha ferroviária para a cidade, tornando-a uma das maiores produtoras de algodão na época, sendo essa uma tarefa de um homem visionário e inteligente.

Além disso, acrescentou que ele foi o principal impulsionador e responsável pelo crescimento de Campina Grande e que todos são agradecimentos por ter transformado uma pequena cidade, na Rainha da Borborema. “Infelizmente são poucos ou até não existiram políticos como Cristiano Lauritzen, que com recursos próprios, abrindo mão do seu salário, para o crescimento da cidade de Campina Grande, pois ele já via a grandeza da nossa Rainha da Borborema. Em nome da minha família Lauritzen, agradecemos profundamente a homenagem”, finalizou.

Samantha Lauritzen, também trineta de Cristiano Lauritzen, através de um vídeo, falou dos seus feitos e da gratidão que se tem pela construção da cidade de Campina Grande. Além de registrar a história de Cristiano Lauritzen e a sua chegada na cidade, ela também mencionou o desenvolvimento que ele proporcionou, trazendo luz elétrica, a linha de trem e o Jornal Correio, preparando Campina Grande para o século XX. Por fim, agradeceu a todos pelas falas e pela homenagem e agradeceu a Cristiano pela realização das suas ações.

Foto: Josenildo Costa

Ronaldo Andrade, acrescentou às falas, informando que em 1964 foi lançado um disco chamado Campina Centenária e que na narração, menciona que Cristiano foi grande até depois de morto, dando nome à Rodoviária Cristiano Lauritzen, sendo a segunda do país. Como grande admirador da obra de Cristiano, Ronaldo Andrade pediu para fazer esse registro.

Marinaldo Cardoso (Republicanos) parabenizou os vereadores Olímpio Oliveira e Alexandre Pereira pela propositura, trazendo uma pauta importante para que os vereadores pudessem aprovar com unanimidade. Além disso, ressaltou que ouvindo a fala de todos e os momentos importantes que Campina Grande vivenciou no período de Cristiano Lauritzen, disse que é motivo de orgulho para a Câmara realizar esta sessão, pois ficará registrada na CASA ficando para a história.

Foto: Josenildo Costa

O presidente ainda registrou a importância da elaboração do livro e encontrar uma forma de realizar uma sessão anualmente na Casa de Félix Araújo. Ele propôs a aprovação dessa resolução, pois as coisas boas que acontecem nos antepassados servem de exemplo para a geração futura e são legados importantes servindo como exemplo para seguir. “Quem não revive as coisas boas do passado, não pode se planejar para o presente e futuro”, afirmou.

Encerrando a sessão, o presidente convidou a todos para comparecer na Sessão Especial a partir das 19h, para entrega da Medalha de Mérito Municipal ao desembargador Dr. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira.

DIVICOM/CMCG